Fase 4 do tratamento na terapia EMDR – Reprocessamento da memória traumática
Nesta fase da terapia EMDR, escolhemos uma memória ou situação negativa a ser trabalhada e montamos um protocolo com alguns dados relevantes sobre essa lembrança.
Esses dados servirão como ponto de partida. Com o auxílio das ferramentas de estimulação bilateral dos hemisférios cerebrais, o reprocessamento da memória é ativado.
Enquanto acompanha a estimulação, você deve apenas observar o que surgir. Podem vir à tona lembranças, pensamentos, sentimentos, sensações físicas, sabores, cheiros, entre outros.
Tudo o que surgir nesse momento é importante — mesmo que pareça não ter conexão com a memória trabalhada. Apenas observe, sem julgamento, sem tentar controlar sua mente e sem se preocupar em lembrar de tudo para me contar depois.
Deixe sua mente livre para conduzir o fluxo mental até a rede neural onde está armazenado o “nó” disfuncional (o problema). Sua mente tem o poder de se curar — permita que ela atue livremente.
Em certos momentos, interromperei a estimulação e pedirei que você me relate, em poucas palavras, o que restou daquela observação.
Metáfora do trem
Podemos usar a metáfora de um trem em movimento para entender melhor o que acontece durante o reprocessamento da memória.
Ponto de partida
Quando selecionamos uma memória-alvo, ao se concentrar na imagem que a representa, surgem sentimentos, crenças negativas (autorreferência), sensações físicas desagradáveis — alguns pacientes relatam até cheiros ou gostos ruins.
Esses componentes fazem parte de uma rede de memória disfuncional associada ao trauma, armazenada no seu sistema.
Nesse momento, imagine-se sentado dentro de um trem, olhando pela janela o ponto de partida. A paisagem é desconfortável, dolorosa, e talvez você até evite encará-la. O que você vê ali provoca sofrimento — mas é apenas o início da jornada.
O trem em movimento pelos trilhos
O processamento acontece durante as séries de estimulação bilateral — visual, auditiva ou tátil. O fluxo mental se acelera e se move como um trem nos trilhos.
Você deve apenas observar o que surge durante o trajeto, sem interferir. Em alguns momentos, o percurso pode parecer ainda mais perturbador que o ponto de partida, mas fique tranquilo: logo ele avançará para um terreno mais adaptativo.
Paradas ao longo do caminho
Periodicamente, a estimulação é interrompida — como se o trem fizesse uma nova parada. Nesses momentos, você irá me contar, em poucas palavras, o que está percebendo: lembranças, pensamentos, sentimentos, sensações físicas, ou até mesmo nada.
É comum que, a cada parada, algumas informações disfuncionais já tenham sido liberadas. Aos poucos, pensamentos mais adaptativos ou menos perturbadores “embarcam no trem”, enquanto outros “passageiros” disfuncionais desembarcam.
A cada nova parada, avalio se é necessário fazer alguma intervenção ou apenas incentivo você a continuar: “Vamos com isso.”
Com frequência, peço que você retorne brevemente ao ponto de partida para verificar como se sente e qual o nível de incômodo. Isso nos ajuda a identificar se ainda há algum “passageiro disfuncional” a bordo. Se houver, iniciamos uma nova “viagem” até que todos esses elementos sejam processados.
Final da linha
Ao final do reprocessamento da memória, as informações iniciais foram integradas e ressignificadas. Ao tentar acessar a memória novamente, você percebe que ela perdeu sua intensidade emocional e já não incomoda mais.
As crenças negativas ligadas àquela lembrança dão lugar a uma autoimagem mais positiva. Os sentimentos tornam-se agradáveis, e as sensações físicas refletem paz, alívio e tranquilidade.
Hora de embarcar em outro trem (outra memória)
Vamos juntos!
